Uma pesquisa aprofundada realizada pela renomada consultoria de Recursos Humanos Robert Half revelou que 54% dos brasileiros têm a intenção de trocar de emprego ao longo de 2025. Esse dado é especialmente significativo quando comparado com o passado, quando a principal motivação para uma mudança de emprego estava centrada exclusivamente na busca por um aumento salarial. No entanto, o perfil das novas gerações de profissionais vem passando por uma transformação substancial. Atualmente, além da remuneração, fatores como estabilidade, oportunidades de crescimento contínuo, realização pessoal e a busca por um ambiente de trabalho saudável têm se tornado prioridades.

A pesquisa ainda aponta que a queda contínua da taxa de desemprego no Brasil, especialmente entre profissionais com mais de 25 anos e com ensino superior completo, tem sido um dos principais fatores a impulsionar esse desejo de transição para novas oportunidades. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), no quarto trimestre de 2024, a taxa de desemprego nesta faixa etária caiu para 3,0%, o menor índice registrado desde 2015. Esse cenário, associado ao aquecimento do mercado de trabalho, tem gerado um ambiente de maior segurança para que os profissionais se sintam mais à vontade para explorar novos horizontes profissionais. A estabilidade econômica, somada ao crescimento das oportunidades, tem contribuído para uma maior confiança e mobilidade no mercado de trabalho.

Embora a busca por maior satisfação e realização profissional seja legítima e até incentivada, é essencial que os profissionais adotem uma abordagem estratégica ao mudar de emprego, para não cair na armadilha de mudar com frequência e sem um planejamento claro. A mudança constante de emprego, se não for bem fundamentada, pode ser interpretada de forma negativa pelo mercado, o que pode prejudicar a construção de uma carreira sólida a longo prazo. “É importante que a mudança seja planejada e que o profissional tenha clareza de seus objetivos de carreira. O mercado de trabalho valoriza profissionais que demonstram consistência e um compromisso genuíno com o desenvolvimento ao longo do tempo”, afirma Izabela Holanda, diretora da IH Consultoria e Desenvolvimento Humano.

Motivações para a Mudança

A pesquisa da Robert Half também destacou as principais motivações que levam os brasileiros a buscar novas oportunidades profissionais. Entre os respondentes que manifestaram interesse em mudar de emprego, 69% afirmaram que desejam continuar na mesma área de atuação, mas em uma nova organização. Por outro lado, 31% demonstraram interesse em explorar novos setores ou até mesmo mudar de carreira, o que indica uma tendência crescente de flexibilidade e desejo de diversificação de habilidades no mercado de trabalho.

Izabela Holanda destaca que, entre as principais razões apontadas pelos profissionais para a busca de um novo emprego, destacam-se a procura por melhores oportunidades de crescimento profissional, o anseio por uma maior realização pessoal e a necessidade de encontrar um ambiente de trabalho que seja, não apenas saudável, mas também flexível e que promova o bem-estar do colaborador. “O conceito de ‘salário emocional’ tem ganhado uma importância cada vez maior. Os profissionais estão cada vez mais preocupados com o reconhecimento que transcende a compensação financeira direta, buscando também um ambiente que favoreça seu desenvolvimento pessoal, profissional e que tenha uma cultura organizacional alinhada aos seus valores”, explica a diretora.

Ela também ressalta que as empresas precisam se adaptar a esse novo cenário e revisar seus processos de recrutamento, seleção e formação de talentos. “As organizações devem ir além da mera valorização de diplomas universitários e considerar, cada vez mais, as competências interpessoais dos candidatos, como habilidades de comunicação, criatividade, liderança e colaboração, que são fundamentais para o sucesso no contexto atual”, acrescenta.