O faturamento da indústria brasileira recuou 1,4% em janeiro, na comparação com o mês anterior, movimento registrado pelo segundo mês consecutivo. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a redução das vendas no setor em janeiro ainda pode levar a uma leitura ambígua sobre o desempenho dos próximos meses, mas se os indicadores mantiverem a tendência de queda, isso pode refletir-se na redução da atividade da indústria.
O gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, aposta que os próximos meses terão resultados positivos no setor. Contribuirá para isso, na sua avaliação, a redução dos estoques nas fábricas - que estão sendo desovados e permitem que a produção seja acelerada - somada ao empurrão das políticas adotadas pelo governo no fim do ano passado, ao corte da taxa básica de juros e a uma melhora no cenário externo.
- Nossa expectativa para os próximos meses é de uma melhora gradual. Há medidas que foram tomadas pelo governo, no fim do ano passado, que começam a ter impacto - disse, citando as desonerações tributárias e a queda mais forte dos juros.
A expectativa, segundo Castelo Branco, é de redução no custo financeiro das empresas e estimulo à demanda das famílias.
- Esse conjunto de ações inclui também melhora no ambiente internacional, que vai levar a uma gradual recuperação da atividade da indústria, mas nada tão significativo - avaliou.
Na comparação com janeiro de 2011, o faturamento das indústrias cresceu 3,4%. Além disso, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) das fábricas aumentou em janeiro, passando de 81,3% para 81,9%. Essa é a primeira alta no indicador, após quatro meses de queda. Porém, em comparação ao mesmo mês de 2011, a capacidade das fábricas está menos aproveitada, com uma queda de um ponto percentual.
A Asvac Bombas, fabricante de equipamentos para o setor de petróleo e gás, um dos mais promissores da economia, está passando por dificuldades para se manter no mercado e garantir o emprego dos 46 empregados. O presidente da empresa, Cesar Prata, conta que, além dos problemas "triviais" dos juros altos, do câmbio baixo e da infraestrutura precária, tem que conviver com um fato novo, consequência da crise: a concorrência externa que escolheu o Brasil para vender produtos a preços baixos.
Na Asvac, as vendas já caíram 30% entre 2010 e 2011 e, para manter a fábrica funcionando, o empresário disse que reduziu margens, passou a trabalhar em apenas um turno e começou a fazer manutenções e a aceitar pedidos de qualquer valo.
- Estamos matando nossa cadeia produtiva.
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