Mudanças no cenário econômico, como corte de juros, aumento de impostos ou alta da inflação, afetam o resultado dos investimentos.
Surpresas na vida pessoal também têm impacto nas finanças: perda de emprego, doença na família, nascimento de um filho.
Como desvios de rota fazem parte do dia a dia, é importante reavaliar as aplicações financeiras constantemente para verificar se as escolhas do passado e as metas do futuro continuam válidas.
Especialistas ouvidos pela Folha recomendam uma revisão a cada três meses.
O investidor deve fazer uma simulação considerando as taxas cobradas e o Imposto de Renda, além de responder a três perguntas básicas: quanto posso investir? Por qual prazo? Qual é meu objetivo para esse dinheiro?
A conta, que pode ser solicitada à corretora ou à instituição financeira gestora dos investimentos, consiste em subtrair os custos -como taxas de administração ou corretagem e os impostos- do rendimento bruto previsto.
É o resultado desse cálculo -o rendimento líquido- que deve ser considerado para efeitos de comparação.
Isso porque, mesmo que um investimento ofereça maior potencial de ganho no caso da renda fixa, pague mais juros, por exemplo-, as taxas e o IR podem comer parte do rendimento.
A inflação também deve ser descontada para projetar qual será o ganho efetivo da aplicação -o chamado rendimento real.
Como o peso da inflação é o mesmo em todos os investimentos, no entanto, o rendimento líquido pode ser mais adequado para confrontar alternativas, pois contabiliza apenas custos que o aplicador pode decidir não pagar.
O quadro ao lado traz simulações para investimento de R$ 10 mil em algumas opções de renda fixa.
Veja que, em função das taxas e do IR cobrados, apenas o CDB (Certificado de Depósito Bancário) que paga 95% do CDI (juro dos empréstimos entre bancos) é mais rentável que a poupança.
Mudar de aplicação nem sempre vale a pena
Esforço para acompanhar opções trabalhosas deve entrar no cálculo
Para consultor, a busca por aplicação sofisticada dificilmente compensa no caso de quantias
menores que R$ 100 mil
Além de computar os custos financeiros de uma aplicação -como taxas e impostos-, o investidor deve levar em conta o esforço pessoal envolvido na escolha.
Isso porque, para pequenas quantias, a diferença de rendimento entre as aplicações pode ser pequena a ponto de não compensar o tempo e a preocupação.
"Movimentar R$ 1.000 de um investimento para outro para conseguir R$ 3 a mais de rentabilidade vale a pena? Talvez seja melhor economizar desligando uma lâmpada ou o computador durante a noite", diz Mauro Calil, educador financeiro.
"Para quantias menores que R$ 100 mil, dificilmente valerá a pena ir em busca de opções muito sofisticadas e trabalhosas de acompanhar."
Para Calil, sair do "bandejão bancário" rumo a alternativas em corretoras e seguradoras já é suficiente para o pequeno investidor melhorar os rendimentos -sempre de olho nas taxas cobradas e negociando com as instituições valores menores.
Fábio Fusco, economista e orientador do INI (Instituto Nacional de Investidores), ressalta que, no longo prazo, os custos da aplicação fazem muita diferença.
"No curto prazo, o investidor pode não perceber o impacto das taxas, mas, no longo prazo, o efeito é significativo. Por isso é importante não abandonar a aplicação."
TRANQUILIDADE
A revisão periódica, no entanto, não significa que se deva sair de um investimento ao primeiro sinal de queda do rendimento, especialmente se o prazo predeterminado estiver longe de expirar.
"Resgatar fora do prazo vai levar a perda de rentabilidade", diz Calil. "Muitas vezes, especialmente na Bolsa, é possível recuperar o que foi perdido investindo mais, e não vendendo as ações. Outras vezes, o melhor é sair da aplicação e assumir as perdas para evitar mais prejuízo."
Período: Novembro/2024 | ||||||
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Atualizado em: 05/11/2024 16:11 |