O dólar encerrou em queda frente ao real pela quarta sessão consecutiva nesta terça-feira, após uma desaceleração da inflação chinesa renovar o apetite por risco nas praças financeiras internacionais.
Segundo analistas, a expectativa de intensificação do fluxo de divisas estrangeiras para a economia brasileira também contribuiu para o movimento.
A moeda norte-americana caiu 0,13 por cento, para 1,9846 real na venda. Segundo dados da BM&F, cuja clearing intermedia a maior parte das transações cambiais do país, o volume contratado ficou em torno de 2,6 bilhões de dólares.
"As moedas todas estão subindo (ante o dólar) em função dos dados positivos da China", afirmou o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mario Battistel.
A inflação ao consumidor da China desacelerou em março na comparação anual, deixando espaço para as autoridades manterem condições monetárias frouxas e melhorando o ânimo de investidores em todo o mundo, que passaram a buscar ativos considerados mais arriscados.
Às 16h58, o euro registrava alta de 0,56 por cento frente à divisa dos EUA, cotado a 1,3084 dólar na venda e após superar no intradia a barreira psicológica de 1,31 dólar. Contra uma cesta de divisas, a divisa norte-americana perdia 0,49 por cento.
Segundo Battistel, embora o real tenha frequentemente ignorado as oscilações do dólar no exterior, o clima de marasmo antes da divulgação da inflação pelo IPCA na quarta-feira e decisão sobre os juros básicos pelo Banco Central na semana que vem favoreceu a correspondência entre os mercados.
A perspectiva de que o fluxo de entrada de divisas ganhe força também pesava sobre as cotações do dólar ante o real, após notícias recentes sobre emissões internacionais de dívida e com o esperado aumento das exportações agrícolas.
"A gente tem visto que já estão começando a arriscar captações externas com preços um pouco melhores e prazos um pouco maiores", disse o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.
A siderúrgica Gerdau precificou na segunda-feira uma emissão de 750 milhões de dólares em bônus de 10 anos com yield de 4,785 por cento ao ano, enquanto duas fontes afirmaram à Reuters na semana passada que o banco BTG Pactual prepara uma emissão externa com prazo de 5 anos.
No entanto, para o economista-chefe do INVX Global, Eduardo Velho, isso não é suficiente para reverter a tendência negativa para o fluxo cambial.
"Na medida em que o fluxo cambial continua com viés mais negativo (...) avaliamos que a taxa de câmbio deve continuar mais próxima da faixa superior tolerável (pelo BC)", escreveu ele em relatório.
Ele referia-se aos níveis de 2 a 2,02 reais por dólar que o mercado acredita ser o limite superior da chamada banda cambial informal do BC, cujo piso ficaria em torno de 1,95 real.
Embora a entrada de capitais costume ganhar fôlego no ano a partir de fevereiro, o resultado do fluxo cambial tem, até agora, decepcionado investidores. Segundo dados do BC, o país registrou entrada líquida pela primeira vez em três meses em março, puxado pela conta comercial, que teve saldo positivo de 2,019 bilhões de dólares. Já a conta financeira continuava negativa, a 1,627 bilhão de dólares.
"Não é aquele fluxo parrudo que a gente viu no começo de 2012", disse Galhardo, da Treviso.
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