Em tempos de Copa do Mundo, o esporte parece poder ensinar muitas lições às pessoas, tanto do ponto de vista pessoal quanto profissional. A figura do técnico, por exemplo, tem sido cada vez mais valorizada e pode ser uma forma interessante de abordar temas ligados à liderança e coaching. Mas, cada um desses universos, o esportivo e o empresarial, tem suas peculiaridades e é preciso levá-las em conta para avaliar corretamente cada ensinamento.
“A principal diferença entre o coaching esportivo e empresarial é a experiência. Na área esportiva, é fundamental que o coach tenha uma experiência pregressa naquele esporte e na função. Já na área empresarial, apesar de haver o mito de que o coach precisa ter experiência na área na qual ele está dando consultoria, isso não é necessariamente verdade”, exemplifica Alfredo Castro, sócio-diretor da MOT.
Outra diferença importante, segundo o especialista, é o resultado que se busca. No esporte, ele é muito específico; já na área empresarial, o resultado esperado é mais genérico. “Uma equipe pode ter como objetivo vencer uma ou duas partidas, um campeonato inteiro, ou apenas participar para ganhar experiência. Já no coaching empresarial, o resultado que se busca é que o líder ou o vendedor seja melhor do que ele já é; que desenvolva suas habilidades, mas não que seja ‘o’ melhor. Em uma empresa, não há títulos nem medalhas em disputa”, esclarece Castro.
O coaching esportivo, segundo Castro, tem ainda uma característica mais imperativa que na realidade empresarial. Ou seja, o coach esportivo é aquele que define quem joga, quem entra e quem sai do time. Já no universo corporativo, o papel do coach é desenvolver habilidades do executivo para que ele encontre recursos próprios para evoluir. O processo para atingir os objetivos propostos é bastante diferente, na avaliação do especialista.
Mas há uma semelhança que Castro ilustra com uma imagem muito interessante. “O treinador fica olhando o desempenho dos jogadores na beira do campo, do lado de fora, o que lhe permite antecipar problemas e soluções. Isso também acontece com o processo de coaching empresarial. O coach tem uma visão panorâmica da situação, olha para aquilo pelo que o coachee está passando como se olhasse de uma janela. Por isso, ele tem mais isenção e tranquilidade para avaliar o contexto”, explica.
Uma característica importante, tanto no mundo esportivo quanto no corporativo, de acordo com Castro, é que o coach não se sinta mais importante que o coachee. Ao contrário, o profissional de coaching deve sempre estar atento ao conjunto de valores do coachee, a fim de poder tirar dele o melhor que ele puder oferecer.
“Jogar para o craque” – Ainda que nem todas as pessoas saibam, é possível fazer coaching empresarial em grupos. O formato individual é mais comum, mas atuar em grupos também pode trazer excelentes resultados. “Neste caso, as técnicas e metodologias são semelhantes às do coaching esportivo”, afirma Castro. Inclusive, ressalta, é possível “trocar de técnico durante o campeonato”. Ou seja, mudar de coach durante o processo de coaching empresarial pode trazer vantagens aos coachees.
Uma das diferenças fundamentais entre o coaching esportivo e o empresarial está no fato de que, no primeiro caso, existe a possibilidade de montar um time em função da forma de jogar da estrela do grupo. Já no universo empresarial, isso não é recomendável. “Um dos erros de um líder é fazer a equipe trabalhar em prol dos objetivos apenas dele”, alerta o especialista. “O propósito, quanto mais coletivo, melhor”, conclui.
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